Quando criança eu voava todos os dias.
Falava para meus amiguinhos que tinha voado e todos riam de mim.
Mas eu voava sim.
Ainda hoje, depois de tantos anos, quando fecho meus olhos e me concentro, ainda me lembro do gosto suave da brisa doce em meu rosto, da sensação de liberdade e de poder que as alturas me levavam.
Eu voava sim.
Morava numa linda fazenda no Vale do Paraíba, e meu quarto dava de frente para um enorme corredor, e me lembro que era nesse corredor que eu "levantava" meus voos.
Minhas asas escondidas se erguiam e me levavam a liberdade prometida.
Me arremetia aos céus e de lá assistia a vida.
Nada podia me deter, e ninguém podia me tocar.
Enquanto eu voava eu não chorava, não me entristecia, não apanhava e nada doía.
Eu só voava e assistia a vida.
Não sei quando foi que perdi minhas asas, acho que foi no mesmo dia que perdi a infância...as duas devem estar jogadas e juntas em algum lugar por perto, mas por mais que eu procure não consigo encontrá-las.
Já revirei meu guarda-roupa, minha vida e minha história, mas encontro apenas algumas penas, que me dão pena de mim mesma, por não encontrá-las.
Eu só queria mais uma vez me sentir assim... assim, livre.
Livre das responsabilidades e preocupações, livre da dor e dos pensamentos, livre da decepção e da desilusão, livre dos olhares que te cobram e te condenam....livre dos outros e livre de mim.
Livre para voar um voo solitário e perfeito, e me encontrar com Fernão Capelo, e dar rasantes de alegria, descobrindo novas razões para a vida.
Uma pena a gente ter que crescer....uma pena, pois todas as outras penas de nossas asas se perdem nessa hora.
Só me resta a lembrança, a sensação, o sonho, e os pensamentos , e é com eles que hoje voo.
Um voo mais comedido é verdade, mais baixo e sem riscos, pois cresci, e o peso de minha idade e responsabilidade já não me permitem voar com asas, só com pensamentos.
Mas ainda voo, acreditem vocês ou não. ( e voar, é muito bom! )
Bem, esse post eu sou o primeiro a comentar! Alice, não precisa mais procurar por suas asas: elas estão dentro de você. E, se não percebeu, você fez um lindo vôo com esse texto... Coincidentemente, enquanto vc fala hoje sobre vôos de liberdade, eu falo sobre prisões no meu blog. Tem muito a ver com o que vc disse no final do seu texto. Eu li Fernão Capelo... Vc ultrapassou aquele primeiro estágio. Agora está na hora de ensinar a voar. Um bom feriado pra vcs...
ResponderExcluirabs do nil
PS: Vc fez ou conhece o Processo Hoffman ?
Gostei muito do que li. E gostei mais ainda da autora que se revela.
ResponderExcluirE tem tudo a ver com seus vôos - cada palavra, cada sentença, cada postagem é o desamarrar de presas e o soltar de um grito de valor que vem de dentro de você.
Só assim poderemos crer que através da comunidade blogueira teremos uma igreja melhor - fraterna, amorosa, respeitosa, verdadeira - e acima de tudo amante do Mestre.
Os nossos vôos são sempre realizáveis quando aprendemos a usar nossas asas de sonho... elas estão dentro de nós, esperando pelo momento de serem abertas e deslizarem macias pelos belos céus da imaginação.
ResponderExcluirÉ esse o maior predicado do espírito humano - a liberdade para voar.
Lindo texto.
Beijos!
Boa noite linda, vamos voar neste feriadinho?
ResponderExcluirUm feriado cheido de sol e muita alegria pra vc :)
Bjs
Bom seria se pudessemos voar, né?
ResponderExcluirEu tb gostaría...sonho de Ícaro!
Beijo
Você está voando e nem percebe...
ResponderExcluirMinha querida...escreve, escreve.. Voa e leva a gente contigo.
Grande beijo amada!
:)
O Fernão Capelo Gaivota me impressionou profundamente, quando o li. Seu vôo, neste post, deixa claro o quanto ele a impressionou, igualmente. Como disse o Volney, os blogs tem a grande chance de criar uma outra globalização que seja capaz de voar alto como águia (ou gaivotas) e criar uma nova comunidade mais fraterna, amorosa, etc...
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