Havia um homem que morava na rua,
andando na chuva, comendo do lixo, dormindo no chão.
Era um homem que sorria (mais do que fedia) para todos que passavam,
mas todos que passavam tinham medo ou tinham pressa
e não respondiam ao seu sorriso.
Havia um homem que morava na rua,
que oferecia seu chapéu e seu sorriso desdentado
que tinha fome e muito frio,
um homem bom e mal tratado.
Havia um homem que morava na rua,
que foi levado por irmãos que não sorriam
de uma igrejinha triste,
mas que acreditavam que podiam mudá-lo,
e dar a ele comida boa, roupas novas e um bom banho.
Cuidaram do homem que morava na rua,
lhe deram um livro grande, preto e pesado,
um banho frio e um terno usado,
chamaram-no de pecador e endemoninhado,
e dele expulsaram o fedor,
o chapéu, a fome, e os dentes quebrados,
(... e o seu sorriso mais bem dado).
Passou-se muito tempo e não se viu mais o homem na rua.
Ninguém mais distribuía sorrisos,
e a cidade se entristecia,
pois nenhum chapéu mais se estendia,
mas agora havia mais um homem que na igreja não sorria.
O homem na igreja triste tinha a barriga cheia,
tinha roupa usada e um livro grande.
E o homem que havia na igreja triste
não conseguia mais sorrir,
nada falava e nada pedia.
Era esse homem na igreja sempre apontado,
e dele era dito que um milagre havia.
Diziam que a igreja o havia salvo,
alimentado e cuidado
e das ruas o haviam tirado...e todos os que passavam diziam:
Olha lá, o homem que havia na rua !!
Agora o homem da rua era o homem da igreja
e como um amuleto era tratado.
E o homem da igreja não sorria mais,
porque de pecador era chamado.
Então um dia o homem que não mais sorria,
se levantou, e do seu lugar gritou bem alto chamando o Nome de Jesus
....chamou , chamou, chamou,
até que todos na igreja para ele olharam,
até que o pregador se calou,
até que o louvor cessou,
até que as irmãs se sentaram,
até que os irmãos o olharam ,
até que as crianças de aporrinhá-lo pararam.
E o homem triste da igreja, pela primeira vez falou.
Disse seu nome,
porque ninguém nunca lhe perguntou,
devolveu o livro preto,
porque não sabia ler e ninguém nunca quis saber,
tirou o terno que lhe deram
porque lhe apertava a alma
e de cuecas, livre, ficou.
Olhou para todos ao seu redor,
e disse que não podia ser o que não era,
que não podia mais fingir o que não era
e falar o que não sabia,
estar onde não queria,
ter o que não podia.
O homem arrancava sussurros de reprovação
e pensamentos de admiração.
O homem falou da hipocrisia e ensinou sobre a falsidade,
falou das fofocas que sabia
e das mentiras que lhe contavam,
falou sobre o amor e a alegria,
sobre verdades e sobre a vida,
e depois de tudo falar,
o homem olhou o céu
e do alto uma voz lhe disse:
e do alto uma voz lhe disse:
FILHO AMADO, de ti me agrado !!
e todos ouviram o que foi falado.
E o homem que não mais sorria,
sorriu como a muito não fazia...
andou entre todos , sorrindo e mostrando a dentadura ,
sorriu como a muito não fazia...
andou entre todos , sorrindo e mostrando a dentadura ,
arrancando a dor de cada coração,
e enchendo a todos de brandura.
E a igreja do homem triste,
se tornou feliz por seu sorriso,
e de cuecas e sorrindo,
voltou para as ruas um novo homem.
E quando caiu a noite,
aquele homem que sorria,
recebeu visitas enquanto dormia.
Eram visitas especiais,
que com asas o abraçaram,
e com o mais doce amor o amaram.
E ainda se fala naquela cidade,
sobre o homem que foi levado,
e nunca mais foi encontrado,
que era o homem que sorria
e sorria mais do que fedia.
E a cidade aprendeu
que sorrir é melhor do que ser triste,
que pra amar tem que escutar, tem que doar,
que pra cuidar tem que ter tempo, coração e talento,
e que pra ser santo tem que ser verdadeiro !
e que pra ser santo tem que ser verdadeiro !
E a cidade que era triste,
e que tinha uma igreja triste,
finalmente começou a sorrir...
"O sorriso enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores"
(Mário Quintana)
Alice, que texto reflexivo, belo e triste ao mesmo tempo!
ResponderExcluirNão é maravilhoso perceber como tanta coisa pode ser dita, tantos sentimentos expressados, tantas lições dadas, com um simples e humilde sorriso sincero?
Mas acho que isso é inerente na vida: sinceridade e humildade dependem uma da outra para que saibamos dar valor a ambas igualmente. A verdadeira beleza surge quando as duas estão em sintonia.
Teve um bom domingo?
Beijos!!
Boa noite,
ResponderExcluirQue belo texto, o que é mesmo a vida?
Tenha uma boa semana.
abs.
Demais.
ResponderExcluirAté arrepia da gente ler :)
Alice, que texto verdadeiro. Quantas vezes nos colocamos nos lugares errados ou nos colocam em lugares errados? ou pior ainda, nos deixamos ser colocados. E quantas vezes nao temos tempo de voltar...
ResponderExcluirBeijao
Ótimo! Muito bom mesmo. Você e a Mama, me fazem repensar muito em velhos conceitos e preconceitos meus.
ResponderExcluirUm beijo
Uma imagem que vale por mil palavras. Um belo texto que nos ajuda a reflectir e a construir melhor o mundo de hoje.
ResponderExcluirParabens
querida________________Alice
ResponderExcluirexcelente texto
de___________reflexão
na verdade um simples_____sorriso
faz acontecer_____milagres:))
beijO c/ carinhO
LINDO! Lindo de chorar! Você consegue o que sempre quero e nunca tento: narra uma história em poemas e talento. xD
ResponderExcluirA menos quando falo de mim mesmo, onde sou subjetivo e cheio de sentimentos. Eu me travo ao pensar em algo tão belo e com conceitos.
Quero aprender a fazer de conceitos estórias, que nos ensinam a nos Alegrar e a quebrar com o que é hipócrita.
Esse texto me ensinou + sobre o verdadeiro amor, onde a caridade não deve ser falsa ou a alegria imposta, impôstora, falsa... Me ensinou a me alegrar de verdade a procurar em Cristo viver como um Filho.
Abração Alice
Sempre leio seus textos
FICA NA GRAÇA!
Alice,
ResponderExcluirMário Quintana é uma pérola incrustada no Planeta Terra e uma estrela a brilhar no celeste de muitas luzes!
A sua lembrança em nos trazer esse texto, dá bem a dimensão de como às coisas são, realmente.
Pessoas e instituições, muitas vezes querem por força do hábito fazer o bem, mas se esquecem que para praticar o bem, é preciso antes, amar e respeitar o semelhante na sua realidade, humildade, sem descaracteriza-lo, pois, se assim não for, ele até poderá seguir o novo caminho, mas não abrirá mais aquele sorriso contagiante, alegre e feliz, como bem relata o texto.
Por que para a pessoa simples a felicidade é feita de poucas coisas, sem grandes ambições, mas com o coração cheio de amor, que é a luz que a todos encanta, enternece e contagia.
Tem muita gente que mora na rua e sofre às intempéries, mas mesmo assim, não abre mão da sua individualidade, do seu mundo interior e da plenitude que abriga em seu coração.
Não é trazendo simplesmente para o seio da igreja e lhe trocando a roupagem, que o fará feliz e realizado, por mais que se afirme que a casa é de Deus, e os ensinamentos do Senhor.
Mas, é preciso dar a essa pessoa a liberdade de escolher o melhor. E jamais, o melhor pode ser empurrado, forçado e exigido sob a chibata do homem, que se diz santo. O melhor é a consciência esclarecida para que a própria pessoa tenha o discernimento de optar, sem a imposição de terceiros. Pois, se assim for, quando ela fizer a sua escolha, será definitiva, madura e prazerosa.
Às igrejas de hoje ao contrário do que Jesus, o Cristo enviado ensinava, estão muito preocupadas em aumentar às suas fileiras de fiéis para mostrar grandiosidade, força e dominação. Assim, como um verdadeiro pregão das bolsas de valores, buscam captar o máximo em número de fiéis, todos os dias, mas não cuida com o mesmo zelo, de cada um - como o exemplo do morador de rua.
Pior do que isso querem que eles vistam a mesma roupagem, em série, esquecendo que cada um tem a sua história, os seus princípios e a lição que a própria vida lhes ensinou. Mudar esses valores, ou alterar alguns pontos é questão de tempo e psicologia, e não de lhes aceitar no templo, exigir o batismo, e depois larga-los à própria sorte, com um livro na mão.
Esse, a bem da verdade, não é o trabalho santo ensinado pelo Mestre que dizia: quem ouve a minha mensagem e crê, siga-me. As obrigações que se lhes impõe aos fiéis, e o peso da crítica aqueles que não cumpre às normas da cartilha eclesiástica, trás transtornos e preocupações. Pois o fiel - como o homem que morava na rua - acredita em Deus e em seu Filho amado, é feliz, alegre e sorridente, sem que se lhes imponha o fardo da devoção, que deve ser natural, simples, sem exigências de terceiros.
Mas, quando o homem que se diz santo cobra a recíproca, muitas vezes quer a fidelidade à igreja esquecendo-se que a verdadeira fidelidade é de espírito e de entrega ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. E o templo, quando segue a doutrina verdadeira, é o local onde os fiéis se reúnem para elevar os sentimentos e, irmanados, homenagearem através do louvor, o Mestre que entre nós viveu em vida e resplandece em espírito. Portanto, o templo é um lugar de confraternização entre irmãos. Pois, a verdadeira santidade está em cada coração que ali se apresenta e na sua união, torna o ambiente santificado.
Nenhuma igreja tem o sagrado se os seus fiéis não a preencherem com o sagrado de seus corações. A estrutura é material, e como tal vive. É o espírito humano e divinal que lhe dá vida e esse poder não é de uma ou poucas pessoas que se intitulam representantes de Deus na terra, mas da união de espíritos nobres - por que encontraram a luz no fundo do templo de seus próprios corações - e levam ao templo exterior para cantar hinos, elevar louvores e juntos agradecerem pela dádiva da vida.
Por isso, nenhuma autoridade eclesiástica está autorizada a arrancar o sorriso do rosto de uma pessoa, com a falsa promessa do sagrado. Pois é sorrindo que o Ser deve ajoelhar-se para encontrar o sagrado que por certo lhe convidará para estreitar a felicidade, unindo o elo exterior ao interior da comunhão plena e do reencontro sob o manto do amor, verdade e justiça para todos. De dentro para fora. Isto porque o que o homem atar ao sagrado, assim permanecerá, pois de livre e espontânea vontade cumpriu o desejo de seu coração.
A admiração de sempre/AW
O que dizer?
ResponderExcluirSou visitante de primeira vez.
Lindo, lindo seu longo poema azul.
Azul, azul, seu longo poema lindo.
Uma história brilhante.
ResponderExcluirEmocionou-me.
Amar vai muito mais além...
Permita-me imprimir este texto?
Obrigada.
Fik c Deus, nosso Pai de Amor.