ESSA É A HORA

E é tanta correria,

tantos cheiros e tantas vozes,

são olhares e palavras que se cruzam,

mãos que se repelem ou se tocam.

Algumas muitas lágrimas que rolam

umas de dor ou de saudade

outras de alegria ou felicidade,

mas é certo que todas descem pela face

ainda que dura ou ausente

de quem sente ou de quem mente.

Vejo pacotes e malotes

cartas e e-mails

e alguns cartões rasgados ao meio,

palavras doces ou afiadas

sentimentos amargos e mal passados

de quem já viveu bem ou foi mal amado.

Enfim é Natal,

é o fim de ano e o Carnaval,

é a hora dos encontros atrasados

dos abraços apertados

dos terríveis beijos tão melados

dos amores mal-amados

dos amigos queridos

e dos parentes distantes

dos desejados e dos rejeitados.

É a hora de rasgar o passado

e recomeçar o que está parado,

refazer o que foi desfeito

e amar os queridos e os desafetos.

É a hora e a vez do perdão,

e da entrega do nosso duro coração,

de sorrir e de parar de só dizer não.

É hora de amar e esqueçer

de ajudar ao pequeno crescer

e aos pobres sobreviver (ainda que isso se deva sempre fazer)

Enfim é agora,

e que seja antes tarde do que nunca,

a nossa chance de por um instante (e é bom que isso dure bastante)

viver a Verdade e o Amor renascendo em Cristo,

e se possível, permanecendo vivo,

o nosso Cristo em nós,

única e verdadeira esperança

de uma vida eterna e de boas lembranças.