Por muitas vezes busco poetas e poesia entre as "páginas" da internet, dos livros e da vida.
Busco com avidez e delicadeza, pois a poesia sempre é ávida e delicada, mas raramente encontro algo que faça transpirar a emoção de minha alma sedenta de letras poéticas.
Gosto do som delas, gosto da música de suas rimas ou de seus encontros dissonantes, gosto de encontrar a alma escancarada do poeta por trás das letras tortas escritas no papel.
Admiro a loucura e a coragem daqueles que rasgam a alma e expõe a vida e os sentimentos humanos tão bem traçados por nosso Criador.
Busco todas as manhãs as palavras doces ou ácidas que expõe em poesia a história da vida humana.
Busco, mas com muita dificuldade encontro algumas migalhas.
Procuro pelo pão, pelo grande e saboroso naco de pão que tem espalhado migalhas por aí. Há de estar em algum lugar...talvez junto a Bilac ou a Pedro Luis, ou a Emilio de Menezes ou a Castro Alves....
E num suave divagar imaginário, posso contemplar à mesa sentados, todos eles a declamar:
- Hoje é Bilac quem fala, e falará por Via Láctea !
- Amanhã pela manhã será Bernardo Guimarães, mas a tardinha ouviremos Raymundo Correa e Casimiro de Abreu duetando "Meus oito Anos" !!
- Cora Coralina, Vinicius, Tom e Drummond também virão, e mostrarão que não há só pedras ou paus pelo caminho !...e ainda num rápido suspiro Luis Delfino nos declamará a sua "Rosa de Amor" !!
E os olhos de todos eles se encheriam de lágrimas ao verem entrar na sala, os estranhos admiradores de suas palavras.
Hoje a poesia é brega, a rima é criticada e sente-se excluído quem tem alma de poeta.
Dizem que românticos são bobos ou que delicados não tem força, e se você faz rima te chamam de caipira ou iletrado.
O mundo endureçeu o homem ou o homem enjessou o mundo.
Desromantizaram os nossos corações.
Excluimos de nós a sensibilidade e as emoções.
Não há mais tempo para poetar poéticas palavras e não se escrevem mais cartas de amor, as flores já não chegam mais em nossas casas, e não encontramos mais os bilhetinhos escritos por nossos amados em nossos espelhos.
Jantamos fora e dividimos a conta.
Quem quiser que abra a sua porta.
A mulher disputa o terno e o homem a sua saia.
Hoje somos ficantes, enrolados, rápidos e descomprometidos, já não somos mais "enamorados" pela lua.
Fazemos muito sexo e pouquíssimo amor.
Causamos muita guerra e muita dor.
Como posso encontrar os herdeiros poéticos de Fernando Pessoa se nem Pessoa as pessoas sabem quem é?
Mas nem tudo está perdido, pois ainda encontro Lenine, Caetano e Versilo, Rita, Oswaldo, Milton e Djavam e nosso querido e imortal Chico.
Ainda há sobre nós a mesma "nuvem" de inspiração, o mesmo "ar" poético, o mesmo coração potencialmente capacitado para amar... e se há amor, então posso continuar a buscar, pois sei que o amor me fará encontrar o som das palavras que encherão os céus de lágrimas quando eu as declamar !
Trecho de "Via Láctea" - Olavo Bilac
Ora direis: Ouvir estrelas!!
Certo , perdeste o senso!
E eu vos direi no entanto,
Que para ouvi-las muitas vezes desperto
E abro as janelas pálido de espanto
E conversamos toda noite enquanto
A Via Láctea como um palio aberto cintila
E ao vir do sol saudoso e em pranto
Ainda as procuro pelo céu deserto
Direis agora: Tresloucado amigo!
O que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo ?
E eu vos direi: Amai para entende-las!
Pois só quem ama pode ter o ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
É simples, mas deixou saudades nos versos que lemos em outrora.
ResponderExcluirUm beijo querida
QUERIDA ALICE, SOBERBO TEXTO... ADOREI AMIGA!!!
ResponderExcluirABRAÇOS DE CARINHO,
FERNANDINHA
Olá menina ;)
ResponderExcluirpassei para ler por aqui umas coisinhas , sabes como gosto de vir aqui.
beijinhos
Então segura este hino aqui:
ResponderExcluirSúplica
João Nogueira
Composição: Paulo Cesar Pinheiro
O corpo a morte leva
A voz some na brisa
A dor sobe pra'as trevas
O nome a obra imortaliza
A morte benze o espírito
A brisa traz a música
Que na vida é sempre a luz mais forte
Ilumina a gente além da morte
Venha a mim, óh, música
Vem no ar
Ouve de onde estás a minha súplica
Que eu bem sei talvez não seja a única
Venha a mim, oh, música
Vem secar do povo as lágrimas
Que todos já so.....frem de......mais
E ajuda o mundo a viver em paz
Minha linda e doce Alice!
ResponderExcluirEsta lindissima poesia fez-me voltar ao passado. Quando tinha 15 anos namorava um jovem locutor, que trabalhava na rádio da cidade,e tinha um vozeirao! Entre os seus presentes estava um disco gravado em 78, naquela época, com ele declamando esta maravilhosa poesia, e eu sempre a recito.
Obrigada por estes momentos de gratas recordacoes das minha vida!
beijos
Alice,
ResponderExcluirUm trecho de um poema lindo,de um dos poetas de que mais gosto,Castro Alves.Poeta que transmitia um sentimento ardente e profundo de verdadeiro amor...Quando tinha dez anos,sabia esse poema decor.Castro Alves,morreu jovem,mas deixou para nós uma herança maravilhosa!!
Seu texto,Alice,produziu em mim um sentimento de nostalgia de tempos que tomara,voltem um dia...
Navio Negreiro
I
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
Beijos
É isso aí meninas !! poetar é também amar !!
ResponderExcluirbjkasssssss