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FRAGMENTOS DE UM EU

Há momentos em que somente a solidão consegue falar comigo. São momentos de retiro, isolamento e resguardo, ainda que nem sempre sejam de ausência de outros.
Sou daquelas pessoas que vivem no paralelo e que quando teimam em mudar seu caminho ou tocar a linha ao lado, precisam se isolar para não arrebentar.

Sou comunicativa
, mas profundamente silenciosa e espontânea, mas terrivelmente pragmática.

Gosto de gente
, mas vivo melhor isolada.
Necessito de espaço, mas estou sempre sendo espremida, apertada, pressionada.
Enfim, sou auto-crítica, analítica e exigente por natureza.
Assimilo bem os golpes que a vida me dá, mas sofro dores que ninguém jamais soube que eu tinha.

Não escondo
nada, apenas só respondo se me perguntam.
Amo com a força de um vulcão em erupção e a aparência de um icberb.
Conheço meus defeitos, lido com minhas angústias, submeto minhas vontades e engulo desaforos com um equilíbrio que nem eu mesma reconheço, e não tenho medo de recomeçar, apenas me irrito com o fato de não ter controle sobre as situações.

Não suporto
mentiras ou manipulações. Elas me tiram do sério, me dão nojo, me fazem reagir com violência, e venham de onde vier, despertam em mim a justiçeira adormecida.
Não vivo a vida de princesa que sonhei pra mim, e também não construo mais sonhos, castelos ou expectativas, mas me reanimo todos os dias a viver melhor, a tratar e transformar meu carater, e a curar sozinha minhas feridas e isso tudo sem cobrar nada de ninguém.

Sou forte
aos olhos de quem vê e extremamente frágil diante do espelho.
Sou analítica e observadora e normalmente antecedo as atitudes de quem convive comigo, identifico seus verdadeiros sentimentos, vasculho suas verdades e faço o impossível por quem amo.

Geralmente
mudo minha voz, retenhos minhas atitudes e freio meus passos diante da fraqueza ou irritação de outros somente para que eu, e esse meu jeito estúpido, não piore a situação lançando palavras (ainda que verdadeiras) como flechas agudas e mortíferas.
Aguardo minha vez, ela sempre chega quando sei aguardar.

Creio em Deus de uma maneira louca, intima, fundamental.
ELE é o meu ar, meu sangue e minha força, e é simplesmente por ELE que ainda escrevo, falo, amo, perdoo, aceito, engulo ou aguento.

A única coisa
que ainda me dá prazer é ensinar a PALAVRA e mostrar a beleza e o amor DELE, o mais que eu faça, faço apenas por fazer ou por cumprir tabelas e obrigações.

Sou muito pouco e gostaria de ser mais e melhor, mas sou o que consigo ser e sendo assim, sei que sou transparente.
Não sou boa, mas busco todos os dias despertar a bondade em mim para que eu mesma possa agir com mais benignidade e benevolência com meu próximo, afinal, conheço a força da minha irritação e dos meus "cascos".

Assusto
muita gente, mas somente os fracos tem medo de mim, a maioria se aproxima ou para aprender ou para se aproveitar, e eu deixo que isso aconteça, porque sei que preciso aprender a amar.

O bom de se escrever num blog é poder dizer tudo aquilo que você jamais diria sobre você a quem você sabe ser muito parecido contigo também.

Somos todos assim...complexos, antagônicos, irônicos, divergentes, ansiosos, curiosos e maliciosos , inteligentes e muito, muito carentes... bem, talvez nem todos.

Comentários

  1. Lindo!

    Pergunta: Vc não recomenda + o celebrai?rsrs

    Bjão!

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  2. Ainda bem que são só fragmentos...
    Um dia veremos nosso eu completo e até um nome que combina e descreve-o perfeitamente.
    Veremos então que a nossa visão de eu era tão imperfeita que vamos rir de nós mesmos.
    Um abraço.

    ResponderExcluir
  3. Alice querida

    Foi tão bom ler o que escreveu!

    Disse-me muito!

    Ah! minha cara amiga, como eu a compreendo...

    Esse nobre e lindo coração abriu-se para nós, que lhe quermos muito bem e a estimamos e consideramos.

    Louvo e bendigo o Pai, por a ter trazido á vida.

    Esse imenso amor e paixão que demonstra por Ele, comove-nos, toca-nos, faz-nos pensar...

    Um abraço desde aqui de longe

    viviana

    ResponderExcluir
  4. Oi Alice! Como vai?

    O bom de ter um blog é isso mesmo... Voz sem amarras e sem fronteiras!

    TENHA UMA LINDA TARDE!

    Beijos

    ResponderExcluir
  5. To falando que somos muito parecidas,
    eu sou apenas menos vivida!
    hahahaha

    eu te amo mamãe,
    e você É a minha heroína! (:

    Fer.

    ResponderExcluir
  6. Alice,

    Somos mesmos seres paradoxais, somos humanos.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  7. Quanta emoção!Amei.Me senti um pouco parecida com você.Além de te seguir vou levar seu link para o meu blog de poesias.Bjim

    ResponderExcluir
  8. Ah!
    eu acho que todos sim!
    em algum momento da vida todos são assim...











    A proposito:
    Dei um crtl+V pro meu
    http://desanuviar.freehostia.com/2009/10/fragmentos-de-um-eu/
    (auto identificação mesmo)

    ResponderExcluir

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Comente, mas não tente decifrar-me.
Nem sempre escrevo por mim, muitas vezes escrevo para mim também...

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Estou de saco cheio dessa militância . Que coisa mais chata essa gente cheia de verdades absolutas, pontos de vista únicos, pensamentos perfeitos e visões aguçadas. Ninguém mais sabe conversar, apenas discutir , brigar, e tudo para provar que está com a razão. Seja o tema politico' , social , religioso ou apenas qualquer bobagem, já se torna uma discussão. To cansada disso. Muito. Só queria poder ouvir , poder falar, poder ser , poder ver, e poder pensar ....sem alguém pra criticar, corrigir ou completar. Cansei.

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ENTRE ÁGUAS, ANJOS E FLORES. ...e derrepente olhei para os lados e vi, olhos molhados, marejados, doídos, contraídos pela compaixão, tímidos pela dor, reflexivos , incompreendidos, que sem resposta questionavam... Vi um parto inverso, senti a lâmina que rasgava os úteros , ouvi o soluço gemido e inconsolável do choro de quem abria sua alma em luto. Olhei e vi as mãos , inúmeras mãos, apertadas e entrelaçadas, mãos agarradas ao invisível coração ou elevadas aos céus em oração . Olhei e vi olhares que queriam abraçar, olhares que desejam consolar, olhares que queriam gritar, olhares que nem mais podiam olhar... Vi olhares de anjos, de amigos e de irmãos . Ouvi palavras que desejavam ser ditas sendo silenciadas pelo som insuportável do silêncio da dor. Vi o mover de passos que eram preciso dar mas que não levavam a lugar algum , e senti a areia grossa sob meus pés a me empurrar para o mar. ...e derrepente olhei e vi o cinza do céu trazendo as águas de um dia que ch