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Beto, Roberto, o ex-analfabeto.

Era uma vez um menino chamado Beto.
Beto era analfabeto,
sem-teto,
não fazia nada certo,
não falava correto,
e nunca conseguia andar reto.
Beto não era mal,
mas se achava o tal porque não comia sal.
Beto era bom,

e quando curtia um som sempre elevava um tom.
Mas Beto pouco entendia,
nada sabia e nunca sorria.
Era um menino excluído,
mal parido,
de corpo todo contorcido,
que ninguém desejaria ter sido.
Mas seu nome era Beto,
e nem o nome ele escrevia certo.
Beto no lixo um dia achou,
um caderno que alguém jogou
e com um lápis imitou
as formas e letras que olhou.
E foi Beto imitando
até que um dia o frei Nando
em suas andanças o encontrou.
Frei Nando olhou para Beto
e lhe mostrou as letras ao certo
e Beto em sua alegria
foi-se aos poucos se tornando esperto.
Frei Nando com paciência
ensinou a Beto toda ciência,
e Beto desabrochou em sua experiência.
Hoje Beto é Roberto
e já não é mais um sem-teto,
tem carro roupa e sapato,
mulher filhos e muitos livros,
e na escola que trabalha,
Beto ajuda aos analfabetos.
Beto hoje é professor
e escolheu dos iletrados retirar a dor.
Trabalha hoje na escola da periferia,
onde frei Nando ainda vive,
e sempre se empenha
em mostrar que sem saber, não se sobrevive.

Hoje não assina mais Beto e sim Roberto:
Roberto da Silva (o ex-analfabeto).

Essa é uma história verídica de um menino que venceu a ignorância, o analfabetismo e a miséria (esses 3 andam sempre juntos), e que teve um final feliz. Mas eu conheço muitas outras histórias, tão verdadeiras quanto essa , e que não dão rima e muito menos tem um final feliz.
Lutar contra o analfabetismo não é responsabilidade religiosa (embora seja também), mas sim responsabilidade minha e sua, do governo, da sociedade, das empresas, dos religiosos, enfim, de todos aqueles que tem coração e que desejam o bem nessa terra.
Um país do tamanho do nosso Brasil precisa de gente que lê, que escreve, que entende, que saiba votar, que saiba falar, que saiba escrever, senão nunca teremos prosperidade, paz, justiça e o fim da corrupção.




Brasil tem nona maior taxa de analfabetismo da América Latina



Fonte: Folha Online, no Rio



O Brasil ocupa a nona posição no ranking de países com maior taxa de analfabetismo da América Latina e do Caribe. A pesquisa mostra que a taxa de analfabetismo brasileiro (11,1%) é superior à média dos países da região (9,5%). O Brasil perde para Haiti, Nicarágua, Guatemala, Honduras, El Salvador, República Dominicana, Bolívia e Jamaica em número de pessoas que não sabem ler nem escrever.
O levantamento elaborado pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) toma como base em estimativas da população de 15 anos ou mais em áreas urbanas da América Latina e do Caribe.
A comparação mostra que o Brasil conseguiu reduzir sua população analfabeta que representava, em 1995, 15,3% da população urbana. Com isso avançou uma posição na lista dos países da região. O Haiti manteve a liderança no ranking com 45,2% da população urbana analfabeta. Dez anos antes a taxa era ainda maior: 55,3%.
Por outro lado, países como Barbados, Chile, Argentina, Costa Rica, Guiana, Uruguai, Trinidad e Tobago, Cuba, Antilhas Holandesas e Bahamas mantêm as menores taxas da região, com até 5,0% da população urbana analfabeta.
"No nosso continente o desafio de erradicar o analfabetismo já foi encarado há muitos anos por outros países", diz a pesquisadora Ana Lucia Sabóia, citando os índices do Chile, Argentina e Costa Rica, que desde 1995, já apresentavam taxas em torno de 4% e 5%.
Segundo balanço da Unesco, o Brasil está ao lado de países como Egito, Marrocos, China, Indonésia, Bangladesh, Índia, Irã, Paquistão, Etiópia e Nigéria como país com mais de 10 milhões de analfabetos. A Pnad aponta que em 2006 o Brasil tinha 14,9 milhões de pessoas não sabiam ler e escrever.
No Brasil o analfabetismo está concentrado entre os mais pobres, mais idosos, negros ou pardos e em áreas mais pobres. A Pnad mostra que dos analfabetos, 67,4% eram negros ou pardos, enquanto 32% eram brancos.
A faixa etária mais analfabeta era de 40 a 59 anos. Os cursos de alfabetização e de educação de jovens e adultos alcançavam em 2006 2,5 milhões de pessoas com idade superior a 15 anos.
Entre as regiões, a maior taxa de defasagem escolar no ensino fundamental foi encontrada na região Nordeste (37,9%). Já a menor foi verificada na região Sul (15,5%).
A média de anos de estudo no Brasil subiu de 5,7 anos, em 1996, para 7,2 anos, em 2006.
Em uma análise entre rendimentos e escolaridade, a pesquisa aponta que entre os 20% mais pobres no Brasil era de 3,9 anos. Já entre os 20% com maior renda a média era de 10,2 anos.


Comentários

  1. Olá querida amiga Alice, estou solidária contigo e com o povo Brasileiro, nesta luta contra o Analfabetismo...
    Os teus textos estão maravilhosos!!!
    È uma grande honra ter uma amiga assim...
    Beijinhos de carinho,
    Fernandinha

    ResponderExcluir
  2. Eu não saberia viver sem um livro, agradeço e amo a pessoa que me incentivou a ler não como obrigação mas como ambição, o conhecimento que você adquire não se perde nunca...

    Parabéns pela iniciativa...

    ResponderExcluir
  3. Alice, nao conhecia a história do Beto que descobriu se chamar Roberto. Existem muitas dessas histórias no Brasil.

    Você focalizou bem: É um problema de todos nós.

    Você acha que você poderia levar essa idéia a sua igreja? A comunidade do seu bairro? Quem sabe há algo a fazer?

    Obrigada por sua participacao. Um belo texto comecando com essa história e terminando com esses dados estatísticos.

    Grande beijo querida e obrigada

    ResponderExcluir
  4. Alice, parabéns pelo seu poste... adorei o poema...

    ResponderExcluir
  5. Olá,

    Parabéns por participar da campanha e pelos textos muito bem escritos, Alice!
    Tem toda razão em dizer que é uma luta coletiva.

    Um ótimo final de semana.
    Bárbara M.P.

    ResponderExcluir
  6. Ignorância, analfabetismo e miséria destroem a cidadania e alimentam o populismo.

    ResponderExcluir
  7. Adorei o texto. E é bem isso mesmo... As pessoas precisam ter oportunidade. E quem pode dá-la somos nós, que temos alguma formação.
    Beijos.

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  8. Gostei muito do seu post, especialmente da história do Beto. Que sejamos como o Frei Nando, fazendo a diferença na vida de pessoas como o Beto. Abraços!

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  9. Alice,
    Vim conhecer seu blog através da blogagem coletiva da Georgia ao qual tb participo.
    Como um país quer crescer se não tem o mínimo que é a educação digna a população?
    Podemos mudar esse quadro.
    Big Beijos

    ResponderExcluir
  10. É um infeliz realidade...

    Tb participei da postagem contra o Analfabetismo. Toda a sociedade é responsavel por essa situação em que vivem os que não escrevem e leêm.


    Abração Aline, lindo história e rimas, quero conseguir um dia escrever como você.

    Abraços
    Fique na Graça ;)

    ResponderExcluir
  11. Apoiado!

    A vida de uma pessoa analfabeta não é nada fácil. Tudo fica mais difícil...

    O país precisa vencer esse desafio também!

    Bejo!
    Parabéns pela iniciativa.

    ResponderExcluir
  12. A pessoa que não sabe ler e nem escrever fica excluída socialmente.

    Tomara que esse quadro mude rapidamente.

    Elvira

    ResponderExcluir
  13. Alice fiquei maravilhada com a forma que escreveu o poema, uma história com final feliz! Quem dera todas as histórias tivessem final feliz! Parabéns! Beijus

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  14. Uma linda história poética que retrata o que muitos Zés, Joãos, Marias, Anas, Paulas poderiam vir a ser. O que falta? Pouco, muito pouco. Não é dinheiro, mas sua boa aplicação e empenho! Ethel SC

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