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Mostrando postagens de julho, 2008

O QUE HÁ ?

Há o que me preocupe, quem me procure e quem me poupe. Sempre há quem me preocupe, quem eu procure e quem eu poupe. Há quem me ame, quem me amarre e quem me altere. Sempre há quem eu ame, quem eu amarre e quem eu altere. Há em mim um planeta inabitado, uma dor inacabada, um amor dilacerado, um pedaço de caminho não trilhado, um cantinho desarrumado, um desconhecido não amado. Há em mim o que em ti não há, mas o que não há em ti, em mim está.

TRANSPARÊNCIA

Quando pensas que me enganas , então eu te descubro, quando pensas que te escondes, então eu te decifro, quando pensas que partiste, então é que te encontro. ***

ESCONDIDO

Um dia, passeando entre os blogs, e descobrindo seres humanos por trás dessa tela de meu frio monitor, me deparei com essas palavras que até agora latejam em mim. Não sei onde e não me lembro quando as li, mas uma coisa eu sei, as conheço muito bem : "Ah ! ...se todos que me olham e me vêem sorrir também pudessem ver as lágrimas que trago por detrás de meu sorriso, talvez também além de me ver sorrir, chorassem comigo" ***

MEU VENTO

Sempre que o vento toca meus cabelos, ele rebuliça os meus pensamentos. É como se derrepente asas me nascessem e junto ao vento me levassem a lugares distantes e desconhecidos, ou ainda inexploráveis e escondidos. O vento é meu companheiro, meu conselheiro e meu amigo. É ele quem conhece meus segredos, minhas angústias e meus anseios. Ele sopra em meus ouvidos palavras que ninguém me diz, e sabe como refrescar e acalmar meu coração. É no vento que me encontro, é ao vento que me entrego, é só no vento que eu sossego. Ele me entende, porque temos a mesma essência ( salvo sutis diferenças ), ele vem e vai e nunca me avisa quando estará, e eu venho e vou, e ninguém nunca sabe quando realmente estou. Sou assim, corpo de vento e cabeça em ventania, uma alma quente em brisa fria.

A QUEDA

( Uma breve visão da queda ) Era como um puro-sangue, ágil, altivo e imponente. Sua imagem era a melhor expressão de segurança, perfeição e orgulho. Jovialidade era seu estilo, altivez o seu sorriso, e inveja a sua maior companheira. Por onde andava havia festa e despertava em todos os mais duvidosos e antagônicos sentimentos. Era assim, como música para os ouvidos, como flores para os olhos, como doce para o paladar e como o amor para o coração. Pena tão belo ser não ter conseguido conter a si próprio. Seu "eu" era maior do que tudo e não suportou sua própria condição de belo e admirável, desejando o que estava além de suas competências. Devorou-se a si mesmo, derrotou-se em si próprio, invejou-se em sua inveja, e desejou ser Deus. De tão belo tornou-se impróprio, de tão doce amargou-se em seu paladar, de tão afinado tornou-se um desatino e de tão amável tornou-se odiosamente excluído. Como uma estrela cadente foi lançado e hoje torna-se laçado e em seu próprio laço está am

PRESSA VIVA

Já to indo !!...Já to indo!! ...e vou correndo acelerando os batimentos acertando os contra-tempos condicionando os pensamentos vou tomando tento e sentindo o vento na esperança de que um dia ainda me sento e descanso dessa vida num sossego muito lento, mas enquanto isso vou dizendo: Já to indo !!... Já to indo !!

"FACA AFIADA"

É a faca afiada, que arranca tua língua danada que deixa tua alma rasgada e que sangra tua vida estragada, É a mesma faca afiada que usas pra matar fatiada aqueles de quem tu não te agradas.

"SAUDADE EM CHAMAS"

Como um lamento, um gemido solto ao vento um grunhido muito lento como uma alma roubada por um ladrão atento... Como um sentimento fugaz de quem já não sabe o que faz como quem leva e nunca traz como quem diz Adeus, ou Nunca Mais... Como quem não tem mais tempo pra fugir e já não sabe mais pra onde ir... Como um futuro que é impedido e roubado e um presente que em fogo quente é assado e um passado interrompido e quebrado... Assim mesmo, em sobressalto e em pleno assalto, assim é a alma, é a vida, e é a dor, de quem viu derreter o seu amor, de quem perdeu quem ama em meio as chamas e o calor... Assim é a solidão de quem fica de quem está, de quem não pode mais, de quem grita ou silencia de quem arde e sufoca de quem já secou as lágrimas que tinha e pra quem sobrou apenas o querer da Justiça. Pelas vitímas, pelos órfãos, pelas viúvas e viúvos, por todos que foram impedidos de ver, tocar , cheirar, ouvir e de sentir aqueles a quem amavam. Tragédia com vôo 3054 da TAM completa um ano ....

"FILHOS DA RUA"

Abortaram minha doçura amputaram minha alegria extirparam minha brandura e inflamaram minha ira. O que me resta é o que faço é o grito alto, é o nó no laço é a arma apontada e engatilhada fatalmente fria e que friamente mata. É a vida roubada, invadida e violentada, é vida não vivida, mal parida e mal amada. É a rua , a ponte e a lua é o som, o medo e a morte é o sol quente que me queima a esperança é a noite escura que apaga a lembrança. É o nada e o agora, um pouco de ontem e a saudade de outrora, sou eu, a fome, o ódio e a solidão debaixo da ponte e à espera do pão.

Auto-Retrato III

Muitas vezes já borraram meu sorriso e outras tantas embaçaram meu olhar, outras vezes apagaram minhas letras e em outras calaram meu canto e secaram minha voz. A vida já foi muito dura, implacável e sinistra ao meu redor, e eu já rejeitei, recusei, e desprezei minha própria dor. Já andei por caminhos escuros com estranhos e já entreguei meu coração a quem nem merecia sequer meu olhar. Já me enganei, chorei, e gritei e já quase desisti de continuar aqui. Já fui onde você não iria, já fumei o que não podia já comprei o que não queria e já falei o que não devia. Julguei e fui julgada, condenei e fui condenada, mas também amei, e fui muito amada. Em minha vida encontrei pessoas descobri amigos caminhei com irmãos acreditei em homens me decepcionei com idéias e ideais desisti de muita gente e de muita coisa, mas ainda não consegui desistir de mim. Descobri mentiras nas verdades e verdades nas mentiras, vi que os fatos nem sempre são o que vemos e o que vemos nem sempre são os fatos.

Era tudo o que eu queria

Eu só queria ser assim: Correr livre por jardins floridos tocar o céu e me encharcar na chuva cantar ao som dos passarinhos desvendar caminhos inexploráveis. Subir nas mais altas montanhas correr pelas areias quentes do Saara tomar um banho frio de cachoeira dançar com os peixinhos no fundo do mar assistir ao por-do-sol e me entregar me arrepiar, me emocionar e deixar minha alma se alegrar. Beijar meus filhos e cheirar meus netos deixar a brisa me gelar, o vento forte me despentear, lavar a cara e não precisar mais me arrumar. Tomar sol o dia inteiro e dormir até não aguentar mais brincar de roda, pega-pega e esconde-esconde comer bolo quente com manteiga me "babar" de sorvete e calda quente. "Roubar" goiaba e carambola chupar jabuticaba no pé da casa do "Seu Zé" abrir presentes lindos de Natal deixar meu cãozinho dormir na cama e me sujar toda de lama. Tocar meu violão e cantar pra Deus a noite inteira abraçar os meus amigos e tomar vinho perto da lareira

Retornando pra casa

E se um dia, me arrancassem a vida me impedissem o fato encerrassem o ato fechassem as cortinas vedassem meus olhos calassem minhas palavras amputassem minhas mãos arrancassem minha língua sangrassem meu coração e dos meus pulmões me arrancassem o ar... Então, num estalar de instante eu estaria mais adiante correndo contra o vento e não mais tomando tento, lavando minha alma num eterno momento de calma permitindo-me ir, rir e voar e finalmente encontrando a paz, que só conhece quem volta ao lar.